corpo poético

ombros

onde carrego o peso de tudo que eu nunca falei. às vezes lateja quando penso nas vezes que engoli a vontade de chorar. me curvo sem perceber.

coração

já explodiu por menos. batuca sem ritmo quando lembro do cheiro dele. não fica quieto desde dezembro. já teve nome. coleciona ausências.

costelas

grades pra prender tudo que quer sair. escondem a respiração quando tô com medo. me lembram que até o amor tem limites.

olhos

ardem quando finjo que não vi. enxergaram mais do que deviam, esqueceram menos do que podiam. quero trocá-los por dois que só veem o que é bonito. já me trairam mais de uma vez. deslizam pro chão quando alguém me chama pelo nome errado.